Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Nasci no Sitio Cipoal, do município de Mulungu, região de Caatinga, também conhecida como Cerrado, interior da Paraíba a nordeste do Brasil. Nasci de uma família de muitos Severinos: tios, primos e conterrâneos, em 26 de fevereiro de 1963. Sou Poeta, Escritor infanto-juvenil, Cordelista Palestrante e Glosador. A minha poesia não é uma escolha. Ela é uma necessidade pessoal, emocional e social. Acredito que ninguém faz História sem uma dose pessoal de sacrificio e, por assim entender, com humildade, busco trilhar uma longa e promissora caminhada pelo mundo da Literatura Popular. Me vejo como amante e consumidor da natureza e da arte! Agente social e por isso articulador para a convergência da resolução das questões sociais. Sou pai de dois maravilhosos filhos: Francisco José e Fabiano. Sou grato a Deus por todas as pessoas que passaram pela minha vida deixando suas marcas. Sou reconhecedor dos benefícios das pessoas que permanecem comigo, apontando caminhos ou sinalizando os desvios necessários para o nosso engrandecimento; estando entre estas pessoas, os meus pais: Manoel Honorato e Maria Luzia. Ele de descendência italiana e ela, com um pé na Africa.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Cordel na Luta pela Igualdade Social








O Cordel na Luta pela Igualdade Social

Nessa postagem, venho lhe falar de dois autores Cordelistas, brasileiros; sendo o paraibano Ivamberto Albuquerque Oliveira, nascido no município de Alagoa Grande – PB, residente na cidade do Rio de Janeiro, tendo chegado a esse estado em 1969 e se formado como técnico em metalmecânica, ferramentaria entre outras especialidades profissionais. Seu correio eletrônico é ivambertoao@yahoo.com.br , membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, ocupante da cadeira de nº. 31, tendo como patrono Umberto Peregrino. No folheto, sobre o qual vou tecer comentários, o autor listou em páginas finais, alguns dos nomes mais representativos de artistas paraibanos no cenário brasileiro.

O outro autor, não publicado oficialmente, como é comum aos Cordelistas, – escrever e guardar – é o cearense Joaquim Ranufo, o Juca Ranufo dos movimentos sociais dedicados à moradia e pelas condições de uma cidade melhor e envolvido na luta sindical da Construção Civil. Juca é do município de Graça no Ceará e reside no Rio de Janeiro, no bairro de Vargem Grande. O contato com ele pode ser feito pelo correio eletrônico pessoal: jucaranufo@hotmail.com . Dos textos, aos quais tive acesso, há um bastante interessante, que é o manifesto contra a demolição da igreja de Nossa Senhora das Graças, onde o poeta foi batizado. A publicação do autor foi feita de forma independente, e data de julho de 2007.

A postagem do momento será direciona aos dois autores, porque eles, não se conheciam até o momento e discorreram sobre o tema da Igualdade Social com o mesmo titulo “Brasil de Cima x Brasil de Baixo”. É um titulo único sob a ótica de dois cidadãos engajados, cada um no seu meio, jeito e forma.

As diferenças, além dos termos, podem ser vistas assim: Ivamberto escreveu em sextilhas, 56 estrofes num folheto de 16 paginas e publicou em 2008, por ocasião dos 20 anos de fundação da ABLC. O Juca escreveu em décimas, 08 estrofes e ainda não publicou. Descreverei os versos na integra, - das estrofes escolhidas - da forma escrita e não farei qualquer observação que altere qualquer incorreção que alguém possa supor. O primeiro, começa sugerindo reflexão sobre a Historia da descoberta do Brasil. Fala de forma evidente sem citar a palavra descoberta. Usa muito bem e adequadamente, o termo domínio.

A historia que vou contar
Merece uma reflexão
Vem do reino animal
O maior da criação
Que se perde a cada dia
Nas noites de ambição

Há muitos séculos atrás
A família matriarcal
O lema, era igualdade
No contexto social
A cerca não existia
Nem o dono do curral


O domínio patriarcal
Preparou uma cilada
Tudo agora tem um dono
Com uma área demarcada
Surge a classe dominante
E a outra dominada

Nas estrofes seguintes, ele desfere palavras que apontam os marcos da propriedade e do estado, quando diz:

Propriedade e estado
Marco da modernidade
O modelo escravocrata
Foi uma realidade
A cerca se ampliou
Dando adeus a liberdade

Portugal nos descobriu
Um porto seguro achou
O modelo patriarcal
Implantado prosperou
Deixando como herança
Para a elite ficou

Quando D. Pedro I
Conquistou a independência!
Brasil de baixo herdou
Obrigação e obediência
O de cima privilégios
Arrogância e truculência

Brasil de baixo é mestiço
Índio, negro e português
O de cima também é
Só lhe falta sensatez.
Onde passa o amazonas
Um riacho não te vez

Tenho a impressão que não preciso falar muito mais do que dizem as poesias dos dois autores, pois como vê o leitor e a leitora, quão sabia é a descrição sobre a igualdade descrita por esses dois mestres autores, na luta cotidiana pela igualdade social que tanto beneficiaria este país.
Como tudo o que fazemos é política, nosso Ivamberto descreve com nomes e sobrenomes, alguns dos presidentes do Brasil e fala das suas ações de modernidade ou retroagismo. Sobre Getulio Vargas, diz:

Implantou a CLT
As leis do trabalhador
Os patrões enfurecidos
Fez pressão e esperneou
Um complô ao presidente
Logo se agigantou

Criou a Vale do Rio Doce
Volta Redonda e Petrobras
As calunias e insultos
Foram-lhe roubando a paz
O presidente insatisfeito
Um dia atirou no peito
E Getulio agora jaz



Na primeira estrofe do Ranufo, ele diz, com propriedade, ao mesmo tempo em que pergunta, que o povo desse Brasil, foi entregue a própria sorte. Quem duvida? Qualquer que seja a sua opinião, aprecie, e ao final descreva suas impressões.

Eu pergunto ao meu Brasil
Um país de brava gente
Cadê a democracia?
Somos mesmos independentes?
Quando D. Pedro chegou
No Ipiranga gritou
Independência ou morte
O povão do meu Brasil
Desse país varonil
Esta entregue a própria sorte

Enquanto o Brasil de cima
Só luta pelo poder
O nosso Brasil de baixo
Luta pra sobreviver
Rema contra a correnteza
Num mundo de incertezas
Aumentando a nossa dor
A nossa luta é sincera
E o pobre ainda espera
Um dia ser vencedor

Você percebe que há clara exaltação das qualidades morais de uma camada da sociedade. No caso, o Brasil de baixo, que ele diz lutar com sinceridade e, ao que parece, isso o leva a desferir com profunda indignação rimas que foca o que falta ao Brasil de cima, quando compara.

No nosso Brasil de baixo
Não tem muita regalia
Falta vaga na escola
Falta tecnologia
Falta livro e professor
Eu lhe digo seu doutor
Nada disso nos convém
Só pode ser preconceito
Pois temos os mesmos direitos
Que o Brasil de cima tem

Para dizer que não falta
Nada no Brasil de cima
Vou dizer-lhe o que falta
Antes que acabe a rima
Falta força de vontade
Justiça e honestidade
Caráter que é coisa rara
Falta amor falta respeito
Falta cidadão direito
Falta vergonha na cara.

Quando eles – Ivamberto e Juca –, ao descrever suas opiniões sobre governos, sistemas e ações sociais, estão em resumo, em ação convocatória para a partilha das soluções dos problemas que afetam todo um país, e não apenas uma camada. Os dramas que eles descrevem, afetam claramente toda uma nação. Não podemos permitir que se deixe resumir as opiniões poéticas, por mais competentes que sejam os dois poetas. Cabe-nos interagir e propor e encaminhar ações para a resolução do problema.
Pela opinião destes competentíssimos Vates, nordestinos, cariocas; os vejo políticos a partidários, o que a meu ver, os tornam estadistas sociais em suas práticas, mais do que apenas em seus discursos. Sou grato a natureza por tê-los na condição de amigos e colegas na arte da produção da Cultura Popular.