Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Nasci no Sitio Cipoal, do município de Mulungu, região de Caatinga, também conhecida como Cerrado, interior da Paraíba a nordeste do Brasil. Nasci de uma família de muitos Severinos: tios, primos e conterrâneos, em 26 de fevereiro de 1963. Sou Poeta, Escritor infanto-juvenil, Cordelista Palestrante e Glosador. A minha poesia não é uma escolha. Ela é uma necessidade pessoal, emocional e social. Acredito que ninguém faz História sem uma dose pessoal de sacrificio e, por assim entender, com humildade, busco trilhar uma longa e promissora caminhada pelo mundo da Literatura Popular. Me vejo como amante e consumidor da natureza e da arte! Agente social e por isso articulador para a convergência da resolução das questões sociais. Sou pai de dois maravilhosos filhos: Francisco José e Fabiano. Sou grato a Deus por todas as pessoas que passaram pela minha vida deixando suas marcas. Sou reconhecedor dos benefícios das pessoas que permanecem comigo, apontando caminhos ou sinalizando os desvios necessários para o nosso engrandecimento; estando entre estas pessoas, os meus pais: Manoel Honorato e Maria Luzia. Ele de descendência italiana e ela, com um pé na Africa.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vozes marginais na literatura

Poesia Favela – saldos e ganhos

Depois do acontecimento denominado Poesia Favela, em 20 de outubro de 2010, dia do/a Poeta, ficou em mim, o compromisso de avaliar, segundo o saldo, positivo ou negativo, algo que eu consiga vislumbrar para além muros da academia.

Faz-se necessário, cada dia um pouco mais, equipar Comunidades e facilitar para que famílias e pessoas tenham acesso aos meios difusores da literatura, em especial impressa, haja visto o avanço da mídia eletrônica descompromissada com a escrita correta gramaticalmente, salvo os casos da licença poética. Por esse olhar, quero justificar que cada Comunidade ou grupo social, carece de uma mínima biblioteca Comunitária a sua disposição, ainda que seja para o simples manuseio dos textos impressos. Os saldos, para mim, são as ações com as quais se pretende trabalhar o estimulo a produção, a difusão e a publicação da criatividade das periferias e favelas: sejam gráficas ou visuais! Aliás, depois de conhecer o WG de rua e suas crianças, com sua arte no Basquetebol e o ponto da palavra, em Cultura na cesta, iniciado na comunidade do Cesarão em Santa Cruz – Rio de Janeiro, não me resta mais dúvida alguma que a periferia se reinventa a cada momento, minuto e pensar!

O Poesia Favela sob a concepção do LerUERJ, tendo como mentores o professor Victor Hugo do Instituto de Letras da UERJ e a professora Adriana Facina do Departamento de História da UFF, em conjunto com uma harmoniosa equipe de bolsistas e professoras (Ana Paula Martins, Aline Deyques, Mirna Aragão, Arthur Moura, Daniel Chaves, Carolina Maira, Patrícia Andréia; poetas e escritores Denis Rubra, Valéria Barbosa e Deley de Acari), fizemos acontecer de forma cadenciada e promissora, a certeza de que esta foi a primeira de muitas outras intervenções culturais, em que se pôde apreciar, a partir dos debates e performances, a quantas andam as atenções de produtores culturais na cidade do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo; entendendo-se servir o momento, como boa amostra da produção em outras regiões do Brasil.

Vozes marginais na literatura de Érica Peçanha do Nascimento, paulista, graduada em Sociologia e Política, exemplar em mãos, cujo patrocínio é da Petrobras, via Lei de incentivo a Cultura, não diz claramente como encontrá-la, caso seja o desejo do leitor/a, deste texto, mas eu indico contato com a editora Aeroplano pelo email: aeroplano@aeroplanoeditora.com.br ou site www.aeroplanoeditora.com.br .
As referências bibliográficas consultadas por Érica, são o que posso chamar de olhares sagrados sobre uma produção continua e tenaz aplicada aos chamados marginais na literatura brasileira. Mas Érica, cuja capacidade transpõe as páginas das referências bibliográficas e as portas das editoras, vai ao campo, como um camponês sábio, que fertiliza o solo e rega a semente; e se junta aos marginais, em tese, e nos presenteia com belíssima e rara obra, que referenda a produção dos menos aquinhoados materialmente. Sinto que seu trabalho contraria a mídia corporativa e faz chegar à academia, literatura de boa qualidade e boa índole. É, a meu ver, literatura ímpar, pois seus produtores e produtoras vencem barreiras, quebram conceitos e preconceitos para apresentarem a um público seleto, mas não exclusivo que literatura também é coisa da periferia.

O trabalho cultural, antropológico e social da autora, merece ser comentado a cada capitulo (mesmo que assim não esteja definido), para o bem da verdade das experiências relatadas por poetas e mobilizadores, cada qual no seu grau de profundidade e em ambiente especifico.

Na obra de Érica, na página 291, ela descreve as seis fases do projeto “Literatura no Brasil”, cujo idealizador é o escritor Sacolinha da cidade de Suzano/SP. Nas páginas seguintes, bem como ao longo de toda obra, muitas informações importantes, sempre voltadas para ações coletivas e, algumas com sentimento de lamentos, como por exemplo, inicialmente, o fato de não ter maior participação de autores de outras regiões, por conta da não amplitude da divulgação. Mas há uma perceptível capacidade impressionante em superar pontos de limitações, por parte do idealizador, pois em 2004 foi criado o www.literaturanobrasil.blogspot.com que facilitou o aparecimento, no projeto, de novos autores.

Na obra antropológica eminentemente política da pesquisadora Érica, a voz poética, ainda é predominantemente masculina; obviamente retrata o modelo ainda em voga no Brasil. Mas isso será tratado em outro momento.

A juventude se fez presente no I Poesia Favela! É por essa e com essa força poética renovada, que ousamos trabalhar para além dos modismos literários. Esta juventude a qual me refiro, não é o futuro, já acontece!


Severino Honorato – poeta e integrante da equipe de organização do Poesia Favela.