Poesia Favela – saldos e ganhos
Depois do acontecimento denominado Poesia Favela, em 20 de outubro de 2010, dia do/a Poeta, ficou em mim, o compromisso de avaliar, segundo o saldo, positivo ou negativo, algo que eu consiga vislumbrar para além muros da academia.
Faz-se necessário, cada dia um pouco mais, equipar Comunidades e facilitar para que famílias e pessoas tenham acesso aos meios difusores da literatura, em especial impressa, haja visto o avanço da mídia eletrônica descompromissada com a escrita correta gramaticalmente, salvo os casos da licença poética. Por esse olhar, quero justificar que cada Comunidade ou grupo social, carece de uma mínima biblioteca Comunitária a sua disposição, ainda que seja para o simples manuseio dos textos impressos. Os saldos, para mim, são as ações com as quais se pretende trabalhar o estimulo a produção, a difusão e a publicação da criatividade das periferias e favelas: sejam gráficas ou visuais! Aliás, depois de conhecer o WG de rua e suas crianças, com sua arte no Basquetebol e o ponto da palavra, em Cultura na cesta, iniciado na comunidade do Cesarão em Santa Cruz – Rio de Janeiro, não me resta mais dúvida alguma que a periferia se reinventa a cada momento, minuto e pensar!
O Poesia Favela sob a concepção do LerUERJ, tendo como mentores o professor Victor Hugo do Instituto de Letras da UERJ e a professora Adriana Facina do Departamento de História da UFF, em conjunto com uma harmoniosa equipe de bolsistas e professoras (Ana Paula Martins, Aline Deyques, Mirna Aragão, Arthur Moura, Daniel Chaves, Carolina Maira, Patrícia Andréia; poetas e escritores Denis Rubra, Valéria Barbosa e Deley de Acari), fizemos acontecer de forma cadenciada e promissora, a certeza de que esta foi a primeira de muitas outras intervenções culturais, em que se pôde apreciar, a partir dos debates e performances, a quantas andam as atenções de produtores culturais na cidade do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo; entendendo-se servir o momento, como boa amostra da produção em outras regiões do Brasil.
Vozes marginais na literatura de Érica Peçanha do Nascimento, paulista, graduada em Sociologia e Política, exemplar em mãos, cujo patrocínio é da Petrobras, via Lei de incentivo a Cultura, não diz claramente como encontrá-la, caso seja o desejo do leitor/a, deste texto, mas eu indico contato com a editora Aeroplano pelo email: aeroplano@aeroplanoeditora.com.br ou site www.aeroplanoeditora.com.br .
As referências bibliográficas consultadas por Érica, são o que posso chamar de olhares sagrados sobre uma produção continua e tenaz aplicada aos chamados marginais na literatura brasileira. Mas Érica, cuja capacidade transpõe as páginas das referências bibliográficas e as portas das editoras, vai ao campo, como um camponês sábio, que fertiliza o solo e rega a semente; e se junta aos marginais, em tese, e nos presenteia com belíssima e rara obra, que referenda a produção dos menos aquinhoados materialmente. Sinto que seu trabalho contraria a mídia corporativa e faz chegar à academia, literatura de boa qualidade e boa índole. É, a meu ver, literatura ímpar, pois seus produtores e produtoras vencem barreiras, quebram conceitos e preconceitos para apresentarem a um público seleto, mas não exclusivo que literatura também é coisa da periferia.
O trabalho cultural, antropológico e social da autora, merece ser comentado a cada capitulo (mesmo que assim não esteja definido), para o bem da verdade das experiências relatadas por poetas e mobilizadores, cada qual no seu grau de profundidade e em ambiente especifico.
Na obra de Érica, na página 291, ela descreve as seis fases do projeto “Literatura no Brasil”, cujo idealizador é o escritor Sacolinha da cidade de Suzano/SP. Nas páginas seguintes, bem como ao longo de toda obra, muitas informações importantes, sempre voltadas para ações coletivas e, algumas com sentimento de lamentos, como por exemplo, inicialmente, o fato de não ter maior participação de autores de outras regiões, por conta da não amplitude da divulgação. Mas há uma perceptível capacidade impressionante em superar pontos de limitações, por parte do idealizador, pois em 2004 foi criado o www.literaturanobrasil.blogspot.com que facilitou o aparecimento, no projeto, de novos autores.
Na obra antropológica eminentemente política da pesquisadora Érica, a voz poética, ainda é predominantemente masculina; obviamente retrata o modelo ainda em voga no Brasil. Mas isso será tratado em outro momento.
A juventude se fez presente no I Poesia Favela! É por essa e com essa força poética renovada, que ousamos trabalhar para além dos modismos literários. Esta juventude a qual me refiro, não é o futuro, já acontece!
Severino Honorato – poeta e integrante da equipe de organização do Poesia Favela.
Quem sou eu
- Don Severo
- Rio de Janeiro, RJ, Brazil
- Nasci no Sitio Cipoal, do município de Mulungu, região de Caatinga, também conhecida como Cerrado, interior da Paraíba a nordeste do Brasil. Nasci de uma família de muitos Severinos: tios, primos e conterrâneos, em 26 de fevereiro de 1963. Sou Poeta, Escritor infanto-juvenil, Cordelista Palestrante e Glosador. A minha poesia não é uma escolha. Ela é uma necessidade pessoal, emocional e social. Acredito que ninguém faz História sem uma dose pessoal de sacrificio e, por assim entender, com humildade, busco trilhar uma longa e promissora caminhada pelo mundo da Literatura Popular. Me vejo como amante e consumidor da natureza e da arte! Agente social e por isso articulador para a convergência da resolução das questões sociais. Sou pai de dois maravilhosos filhos: Francisco José e Fabiano. Sou grato a Deus por todas as pessoas que passaram pela minha vida deixando suas marcas. Sou reconhecedor dos benefícios das pessoas que permanecem comigo, apontando caminhos ou sinalizando os desvios necessários para o nosso engrandecimento; estando entre estas pessoas, os meus pais: Manoel Honorato e Maria Luzia. Ele de descendência italiana e ela, com um pé na Africa.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Poesia Favela - 20 de outubro de 2010
Veja, participe, diga tudo o que sempre quis dizer da Favela, sobre a Favela e com a Favela, berço da Cultura Popular dos grandes centros urbanos! Esteja com nossos Poetas, Escritores, Musicos e toda forma de arte que na Favela se é capaz de produzir! Bem vindo, bem vinda! Seja um/a faveladfo/a, conosco!
domingo, 15 de agosto de 2010
Figuras de sexta
sexta-feira, 19 de março de 2010
Figuras de sexta - Poeta e Escritor, Severino Honorato
Queridos, prometi que postava hoje uma pequena entrevista com o meu amigo, Severino Honorato. Nascido no Sítio Cipoal, município de Mulungu, no interior da Paraíba, esse nordestino amigo de todos veio de uma família de “ muitos Severinos: tios, primos e conterrâneos”, como afirma. Poeta, escritor infanto-juvenil, cordelista, palestrante e glosador ele acerta em cheio em todas as atividades que realiza, e nasceu um dia depois do meu aniversário, em 26 de fevereiro, pisciano nato – taí explicado o lado humano e artístico.
“A minha poesia não é uma escolha. Ela é uma necessidade pessoal, emocional e social. Acredito que ninguém faz história sem uma dose pessoal de sacrifício e, por assim entender, com humildade, busco trilhar uma longa e promissora caminhada pelo mundo da Literatura Popular”, afirma meu amigo Severino, cheio de orgulho.
Segue a entrevista com essa grande “figura” que tenho maior prazer de conhecer. Espero que vocês gostem da primeira entrevista do blog, como uma seção, a qual irei chamá-la de “Figuras da sexta” – por enquanto. Se vocês não gostarem. Opinem !
Ah, e aproveite o poema no qual Severino nos presenteou.
Landa - Você saiu do nordeste pra ´ganhar o Rio de Janeiro´, valeu a pena?
SH - Olha, quando o ser humano se propõe a fazer algo por amor, pela busca e amplidão do conhecimento, sempre valerá a pena. Não sei se ganhei o Rio de Janeiro, mas dei o primeiro de alguns passos: tento fazer isso de forma incansável. Jamais sozinho!
- Por que a escrita? A poesia? O livro infantil?
A escrita não pode ser apenas gota de tinta sobre papeis... eu a vejo como a forma interativa de apropriação e difusão da verdade. A poesia, porque a essência do ser humano é feita de elementos poéticos. Os textos infantis são formas de expressar a criança que há em cada pessoa.
- Por que ora Don Severo e ora Severino Honorato?
Don Severo para os pequenos. Soa melhor. Severino Honorato para adultos: da Literatura outras faixas de idade e do Movimento Social.
- Relembrar suas raízes em seus poemas é uma forma de homenagear a Paraíba?
Respeitar e preservar as raízes que me faz a cada dia um Severino melhor, não deve limitar-se apenas ao meu estado, mas a região nordeste e o Brasil, por conseguinte.
- Em sua opinião, a poesia ajuda a humanizar as pessoas?
Tanto acho que persigo o meu eu a exaustão na tentativa de produzir um texto que diga algo claro e objetivo para cada pessoa leitora. A poesia é o texto dos mais interativos...
- Pela Pastoral Operária em que atua, qual o problema mais pertinente?
Desde 2008 atuo especificamente na Pastoral Operaria do estado do Rio de Janeiro. Por conta desta ação estou em alguns documentários da Pastoral Operaria do Brasil. A ação mais pertinente que vejo como desafio para qualquer Pastoral é a questão da Evangelização do mundo do trabalho. O segundo é fazer pastoral de conjunto...
- Estar ao lado de pessoas humildes, de favelas, comunidades e periferias te ajuda a ver o mundo de que forma?
Ajuda-me a ver o mundo pela ótica da necessidade de se produzir o bem comum, acima de qualquer coisa para se viver em paz e com segurança. Vejo que é preciso agir para um mundo de justiça. Só com justiça se vive a fraternidade.
- O que falta para que as pessoas compreendam a felicidade?
Enquanto buscarmos a felicidade na mesa do vizinho, no jardim dos sem terras, nas lojas dos shoppings, no emprego que traz estabilidade financeira... deixamos de olhar para dentro de nós! Isso implica em não compreender e viver a felicidade.
- Quais os projetos para 2010?
Continuar o que já faço: escrever, escrever e escrever um roteiro para um Documentário sobre o Cordel. Aumentar a participação em Comunidades com as Bibliotecas Comunitárias nas diversas localidades do Rio de Janeiro, afinal, por este povo eu me sinto acolhido. E, por essa condição, devo colaborar para com a educação.
- Me fale um pouco do seu CD de poesias. E quem quiser adquirí-lo, como faz?
Imagens, esse é o nome do CD, que contêm 17 composições poéticas de cunho social, baseado no sentimento popular. A maior parte das poesias foi escrita com exclusividade para a concretização deste projeto. É a realização de um sonho de algum tempo passado. Na verdade parece uma forma pouco usual de se divulgar textos poéticos. É uma produção independente, pensado com carinho para amigos e amigas desejosas de uma intervenção cultural afirmativa da identidade cultural de um povo, no caso, o saber e o viver do nordestino e outros tipos humanos.
Neste trabalho eu tenho parceiros e participações especiais, como meus filhos Francisco e Fabiano. Valeria Barbosa, Lucia Cerqueira e Gledson Vinicius.
Ele está disponível na livraria Nobel - Shopping Downtown (Barra da Tijuca) 2493-6301 e Nova América (Del Castilho) 3083-1598; na Arlequim – Paço Imperial – Pç. XV 2524-7242 ou comigo (21) 9752-1141 ou enviando mensagem para ds.honorato@gmail.com com o pedido e eu informo os custos e a forma de pagamento.
- Pode dar ao blog um pequeno presente? Uma estrofe ou seu um poema?
Tomara que seja do seu agrado e dos demais leitores e leitoras.
Visita
O poeta esteve aqui
Disse-me que viu sorrir
Meus olhos em suas
mãos...
Como mente este
poeta
Com suas lentes
discretas
Perdeu a sua razão;
Pois ele viu verter
lágrimas
Dos músculos do coração!
“Me vejo como amante e consumidor da natureza e da arte! Agente social e por isso articulador para a convergência da resolução das questões sociais. Sou pai de dois maravilhosos filhos: Francisco José e Fabiano. Sou grato a Deus por todas as pessoas que passaram pela minha vida deixando suas marcas” – finaliza este grande poeta, escritor, ativista social e claro, meu amigo.
MOSTRAÍ
A intervenção Cultural MOSTRAÍ, acontecerá no dia 26 de agosto de 2010, das 15:00 as 20:00h, no SESC de Niterói, sito à Rua Padre Anchieta, (atrás do Plaza Shopping). Saida da estação das Barcas caminhar a direita e cruzar as ruas em direção ao Plaza. Esta ação Cultural de construção coletiva tem a concepção do Agente Cultural Popular e musico, Lud 1, profissional de alto grau de capacidade tecnica, bem como arrojada identificação por parte da equipe SESC, no ver a arte nas suas mais variadas formas de expressão.
Faz parte de uma ação de promoção da cultura de massa, onde se farão presentes, diversos grupos atuantes em todo o Rio de Janeiro. Teremos: teatro, performances, danças, poesias e improviso, caracterizado pela prática do Cordel.
Em um dos momentos performaticos, veremos o encontro de mensageiros, em que eu, Severino Honorato e o ator Junior, nascido no Piaui, fará leitura interpretativa das falas do profeta Gentileza e darei prosseguimento em poesia improvida, ao estilo do Cordel!
sábado, 14 de agosto de 2010
Um dia
Um dia, eu sei,
feito como todos os outros,
sentirei saudades!
Nesse dia,
diferente, porém iguaul
a todos os dias,
eu serei mais eu... por voccê!
feito como todos os outros,
sentirei saudades!
Nesse dia,
diferente, porém iguaul
a todos os dias,
eu serei mais eu... por voccê!
quinta-feira, 1 de julho de 2010
O Cordel na Luta pela Igualdade Social
O Cordel na Luta pela Igualdade Social
Nessa postagem, venho lhe falar de dois autores Cordelistas, brasileiros; sendo o paraibano Ivamberto Albuquerque Oliveira, nascido no município de Alagoa Grande – PB, residente na cidade do Rio de Janeiro, tendo chegado a esse estado em 1969 e se formado como técnico em metalmecânica, ferramentaria entre outras especialidades profissionais. Seu correio eletrônico é ivambertoao@yahoo.com.br , membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, ocupante da cadeira de nº. 31, tendo como patrono Umberto Peregrino. No folheto, sobre o qual vou tecer comentários, o autor listou em páginas finais, alguns dos nomes mais representativos de artistas paraibanos no cenário brasileiro.
O outro autor, não publicado oficialmente, como é comum aos Cordelistas, – escrever e guardar – é o cearense Joaquim Ranufo, o Juca Ranufo dos movimentos sociais dedicados à moradia e pelas condições de uma cidade melhor e envolvido na luta sindical da Construção Civil. Juca é do município de Graça no Ceará e reside no Rio de Janeiro, no bairro de Vargem Grande. O contato com ele pode ser feito pelo correio eletrônico pessoal: jucaranufo@hotmail.com . Dos textos, aos quais tive acesso, há um bastante interessante, que é o manifesto contra a demolição da igreja de Nossa Senhora das Graças, onde o poeta foi batizado. A publicação do autor foi feita de forma independente, e data de julho de 2007.
A postagem do momento será direciona aos dois autores, porque eles, não se conheciam até o momento e discorreram sobre o tema da Igualdade Social com o mesmo titulo “Brasil de Cima x Brasil de Baixo”. É um titulo único sob a ótica de dois cidadãos engajados, cada um no seu meio, jeito e forma.
As diferenças, além dos termos, podem ser vistas assim: Ivamberto escreveu em sextilhas, 56 estrofes num folheto de 16 paginas e publicou em 2008, por ocasião dos 20 anos de fundação da ABLC. O Juca escreveu em décimas, 08 estrofes e ainda não publicou. Descreverei os versos na integra, - das estrofes escolhidas - da forma escrita e não farei qualquer observação que altere qualquer incorreção que alguém possa supor. O primeiro, começa sugerindo reflexão sobre a Historia da descoberta do Brasil. Fala de forma evidente sem citar a palavra descoberta. Usa muito bem e adequadamente, o termo domínio.
A historia que vou contar
Merece uma reflexão
Vem do reino animal
O maior da criação
Que se perde a cada dia
Nas noites de ambição
Há muitos séculos atrás
A família matriarcal
O lema, era igualdade
No contexto social
A cerca não existia
Nem o dono do curral
O domínio patriarcal
Preparou uma cilada
Tudo agora tem um dono
Com uma área demarcada
Surge a classe dominante
E a outra dominada
Nas estrofes seguintes, ele desfere palavras que apontam os marcos da propriedade e do estado, quando diz:
Propriedade e estado
Marco da modernidade
O modelo escravocrata
Foi uma realidade
A cerca se ampliou
Dando adeus a liberdade
Portugal nos descobriu
Um porto seguro achou
O modelo patriarcal
Implantado prosperou
Deixando como herança
Para a elite ficou
Quando D. Pedro I
Conquistou a independência!
Brasil de baixo herdou
Obrigação e obediência
O de cima privilégios
Arrogância e truculência
Brasil de baixo é mestiço
Índio, negro e português
O de cima também é
Só lhe falta sensatez.
Onde passa o amazonas
Um riacho não te vez
Tenho a impressão que não preciso falar muito mais do que dizem as poesias dos dois autores, pois como vê o leitor e a leitora, quão sabia é a descrição sobre a igualdade descrita por esses dois mestres autores, na luta cotidiana pela igualdade social que tanto beneficiaria este país.
Como tudo o que fazemos é política, nosso Ivamberto descreve com nomes e sobrenomes, alguns dos presidentes do Brasil e fala das suas ações de modernidade ou retroagismo. Sobre Getulio Vargas, diz:
Implantou a CLT
As leis do trabalhador
Os patrões enfurecidos
Fez pressão e esperneou
Um complô ao presidente
Logo se agigantou
Criou a Vale do Rio Doce
Volta Redonda e Petrobras
As calunias e insultos
Foram-lhe roubando a paz
O presidente insatisfeito
Um dia atirou no peito
E Getulio agora jaz
Na primeira estrofe do Ranufo, ele diz, com propriedade, ao mesmo tempo em que pergunta, que o povo desse Brasil, foi entregue a própria sorte. Quem duvida? Qualquer que seja a sua opinião, aprecie, e ao final descreva suas impressões.
Eu pergunto ao meu Brasil
Um país de brava gente
Cadê a democracia?
Somos mesmos independentes?
Quando D. Pedro chegou
No Ipiranga gritou
Independência ou morte
O povão do meu Brasil
Desse país varonil
Esta entregue a própria sorte
Enquanto o Brasil de cima
Só luta pelo poder
O nosso Brasil de baixo
Luta pra sobreviver
Rema contra a correnteza
Num mundo de incertezas
Aumentando a nossa dor
A nossa luta é sincera
E o pobre ainda espera
Um dia ser vencedor
Você percebe que há clara exaltação das qualidades morais de uma camada da sociedade. No caso, o Brasil de baixo, que ele diz lutar com sinceridade e, ao que parece, isso o leva a desferir com profunda indignação rimas que foca o que falta ao Brasil de cima, quando compara.
No nosso Brasil de baixo
Não tem muita regalia
Falta vaga na escola
Falta tecnologia
Falta livro e professor
Eu lhe digo seu doutor
Nada disso nos convém
Só pode ser preconceito
Pois temos os mesmos direitos
Que o Brasil de cima tem
Para dizer que não falta
Nada no Brasil de cima
Vou dizer-lhe o que falta
Antes que acabe a rima
Falta força de vontade
Justiça e honestidade
Caráter que é coisa rara
Falta amor falta respeito
Falta cidadão direito
Falta vergonha na cara.
Quando eles – Ivamberto e Juca –, ao descrever suas opiniões sobre governos, sistemas e ações sociais, estão em resumo, em ação convocatória para a partilha das soluções dos problemas que afetam todo um país, e não apenas uma camada. Os dramas que eles descrevem, afetam claramente toda uma nação. Não podemos permitir que se deixe resumir as opiniões poéticas, por mais competentes que sejam os dois poetas. Cabe-nos interagir e propor e encaminhar ações para a resolução do problema.
Pela opinião destes competentíssimos Vates, nordestinos, cariocas; os vejo políticos a partidários, o que a meu ver, os tornam estadistas sociais em suas práticas, mais do que apenas em seus discursos. Sou grato a natureza por tê-los na condição de amigos e colegas na arte da produção da Cultura Popular.
domingo, 20 de junho de 2010
O Cordel em Ritmo de Ciranda
O Cordel em Ritmo de Ciranda
Estamos em dias de copa do mundo, no ano de 2010, acontecendo na África do Sul, continente Africano. Muitas curiosidades têm sido reveladas por algumas rádios publicas; eu posso citar, entre outras, Nacional 1130 AM, MEC 800 AM e FM 98,9, sendo todas com prefixo do Rio de Janeiro. As tais curiosidades evidenciam a quantas andam nossas afinidades com o referido continente.
Mas meu objetivo não é falar da copa do Mundo de Futebol, e sim, não deixar cair a bola da Cultura de massa, algo do povo. Com a qual nos identificamos e somos parte. Por isso escolhi para a postagem de hoje “A Historia da Cultura Popular em Versos de Cordel – Ciranda”. A Ciranda é um dos ritmos mais brasileiros, pois também chegou no balaio dos colonizadores. Depois de desafiar a mim mesmo, na condição de Produtor Cultural, cheguei a algumas conclusões que vou disponibilizar em versos de Cordel, com os tropeços de um Cordelista aprendiz.
Esta primeira e única estrofe serve apenas como exaltação aos Cordelistas.
Cordel feito de repente
Na lei exige respeito,
Uma cultura de gente
Fala da vida com jeito,
Os seus Vates competentes
Levam a vida sem defeito.
Este texto, cuja intenção é descrever a Ciranda como item de consumo e prática em diversas regiões do Brasil e do mundo, compõe-se de 36 estrofes em sextilhas que integram o segundo volume da série “História da Cultura Popular”. Ele fala especificamente da Ciranda, como não poderia deixar de ser, e tem a intenção de ampliar o foco de luz dos futuros continuadores desta arte, reconhecendo seus precursores, que assim como eu, sobre a historia me debrucei e pude comparar, ao concluir as pesquisas, sobre as verdades, dentro das quais abalizei meu texto.
Nessa estrofe inicial, é possível comparar o que sabemos de forma aleatória, ao que podemos avaliar ao final da leitura. Falar de Luanda, foi um modo de lembrar que foi território colonizado pelos portugueses. Mas veremos em seguida, que o formato da dança da Ciranda, mais se aproxima de uma ação política social, uma vez que é circular, supondo igualdade entre as pessoas. Muita coisa do que somos, culturalmente falando, devemos ao país colonizador das terras brasileiras.
Talvez você desconheça
Onde nasceu a Ciranda
Feita de um ritmo legal,
Embora eu diga: Luanda
E sobre o legado seu;
Sem dúvida, em Portugal!
Nas duas estrofes próximas, na tentativa de desmistificar a origem do termo Ciranda, recorri as pesquisas do etimólogo Jaime Diniz, que assegura que a origem do verbete, vem do vocábulo espanhol.
Diz-nos a etimologia
Por padre Jaime Diniz,
Do vocábulo espanhol:
- Zaranda, isso ouvi,
Cujo objeto peneira
Farinha em tal país.
Mas consciente de si
Nas Arábias fui ouvir,
Palavras com mais beleza;
Como diz Caldas Aulete,
Veio do árabe Çarand,
Para a Língua Portuguesa.
A seguir, mais uma tentativa, de mostrar para você, a forma de sua utilização social ou como foi por povos oprimidos, utilizadas.
Escravos chegaram aqui
Cultivaram as raízes,
Dançar, cantar, sorrir,
Sem facetas ou deslizes
Um modo espetacular
Para que fossem felizes.
Embora sejam precisos
Seus passos podem mudar
Existem os mais conhecidos
Por quem a sabe dançar:
A onda, o sacudidinho,
O machucadinho há.
A Ciranda, algumas vezes,
É tida como política
A forma de conversar;
A metáfora coletiva
Gesto de cultura viva
Arte fim de educar.
Os diversos modos de produzir, ver e viver de uma ação cultural importada, mas apropriada na forma e no pertencimento.
A Ciranda é uma dança
De muitas mãos ajuntadas,
Com um punhado de idéias
Ou razões denunciadas
De inspiração mais rica
Do adulto a criançada.
A Ciranda é cultura
De massa de fino trato,
Dos bóias frias dos campos
Até os salões mais fartos,
Dos terreiros e bodegas
Das praias e dos regatos.
Tem a Ciranda de roda
De cunho tradicional
Usa-se Ganzá e Bombo
Um básico instrumental,
Mas a Cuíca, o Pandeiro,
E a Sanfona é normal.
O legado, a tradição e a pessoa que fez seus atos e nome ressoar, para o bem da preservação do formato e da pratica do ritmo.
Legado das tradições
Civilização pungente
Memória do meu sertão
No sincretismo presente
Uma razão construída
Brasilidade latente.
Cirandeira mais famosa
É Maria Madalena
Que não deixa o seu lugar,
O seu nome está gravado
Tornando-se conhecida
Lia, da ilha de Itamaracá.
Bem, devo encerrar esta postagem com as duas ultimas estrofes, que deixo como sugestão.
Fora floreios poéticos,
Meus versos abalizei
E conclui hipotéticos,
Em dados que pesquisei,
São saberes herméticos
Pois na roda cirandei.
Sugiro para encerrar
Um ato fenomenal:
Os doutores da política
Deviam em ato legal
Transcrever nossa Ciranda
Patrimônio imaterial.
Estamos em dias de copa do mundo, no ano de 2010, acontecendo na África do Sul, continente Africano. Muitas curiosidades têm sido reveladas por algumas rádios publicas; eu posso citar, entre outras, Nacional 1130 AM, MEC 800 AM e FM 98,9, sendo todas com prefixo do Rio de Janeiro. As tais curiosidades evidenciam a quantas andam nossas afinidades com o referido continente.
Mas meu objetivo não é falar da copa do Mundo de Futebol, e sim, não deixar cair a bola da Cultura de massa, algo do povo. Com a qual nos identificamos e somos parte. Por isso escolhi para a postagem de hoje “A Historia da Cultura Popular em Versos de Cordel – Ciranda”. A Ciranda é um dos ritmos mais brasileiros, pois também chegou no balaio dos colonizadores. Depois de desafiar a mim mesmo, na condição de Produtor Cultural, cheguei a algumas conclusões que vou disponibilizar em versos de Cordel, com os tropeços de um Cordelista aprendiz.
Esta primeira e única estrofe serve apenas como exaltação aos Cordelistas.
Cordel feito de repente
Na lei exige respeito,
Uma cultura de gente
Fala da vida com jeito,
Os seus Vates competentes
Levam a vida sem defeito.
Este texto, cuja intenção é descrever a Ciranda como item de consumo e prática em diversas regiões do Brasil e do mundo, compõe-se de 36 estrofes em sextilhas que integram o segundo volume da série “História da Cultura Popular”. Ele fala especificamente da Ciranda, como não poderia deixar de ser, e tem a intenção de ampliar o foco de luz dos futuros continuadores desta arte, reconhecendo seus precursores, que assim como eu, sobre a historia me debrucei e pude comparar, ao concluir as pesquisas, sobre as verdades, dentro das quais abalizei meu texto.
Nessa estrofe inicial, é possível comparar o que sabemos de forma aleatória, ao que podemos avaliar ao final da leitura. Falar de Luanda, foi um modo de lembrar que foi território colonizado pelos portugueses. Mas veremos em seguida, que o formato da dança da Ciranda, mais se aproxima de uma ação política social, uma vez que é circular, supondo igualdade entre as pessoas. Muita coisa do que somos, culturalmente falando, devemos ao país colonizador das terras brasileiras.
Talvez você desconheça
Onde nasceu a Ciranda
Feita de um ritmo legal,
Embora eu diga: Luanda
E sobre o legado seu;
Sem dúvida, em Portugal!
Nas duas estrofes próximas, na tentativa de desmistificar a origem do termo Ciranda, recorri as pesquisas do etimólogo Jaime Diniz, que assegura que a origem do verbete, vem do vocábulo espanhol.
Diz-nos a etimologia
Por padre Jaime Diniz,
Do vocábulo espanhol:
- Zaranda, isso ouvi,
Cujo objeto peneira
Farinha em tal país.
Mas consciente de si
Nas Arábias fui ouvir,
Palavras com mais beleza;
Como diz Caldas Aulete,
Veio do árabe Çarand,
Para a Língua Portuguesa.
A seguir, mais uma tentativa, de mostrar para você, a forma de sua utilização social ou como foi por povos oprimidos, utilizadas.
Escravos chegaram aqui
Cultivaram as raízes,
Dançar, cantar, sorrir,
Sem facetas ou deslizes
Um modo espetacular
Para que fossem felizes.
Embora sejam precisos
Seus passos podem mudar
Existem os mais conhecidos
Por quem a sabe dançar:
A onda, o sacudidinho,
O machucadinho há.
A Ciranda, algumas vezes,
É tida como política
A forma de conversar;
A metáfora coletiva
Gesto de cultura viva
Arte fim de educar.
Os diversos modos de produzir, ver e viver de uma ação cultural importada, mas apropriada na forma e no pertencimento.
A Ciranda é uma dança
De muitas mãos ajuntadas,
Com um punhado de idéias
Ou razões denunciadas
De inspiração mais rica
Do adulto a criançada.
A Ciranda é cultura
De massa de fino trato,
Dos bóias frias dos campos
Até os salões mais fartos,
Dos terreiros e bodegas
Das praias e dos regatos.
Tem a Ciranda de roda
De cunho tradicional
Usa-se Ganzá e Bombo
Um básico instrumental,
Mas a Cuíca, o Pandeiro,
E a Sanfona é normal.
O legado, a tradição e a pessoa que fez seus atos e nome ressoar, para o bem da preservação do formato e da pratica do ritmo.
Legado das tradições
Civilização pungente
Memória do meu sertão
No sincretismo presente
Uma razão construída
Brasilidade latente.
Cirandeira mais famosa
É Maria Madalena
Que não deixa o seu lugar,
O seu nome está gravado
Tornando-se conhecida
Lia, da ilha de Itamaracá.
Bem, devo encerrar esta postagem com as duas ultimas estrofes, que deixo como sugestão.
Fora floreios poéticos,
Meus versos abalizei
E conclui hipotéticos,
Em dados que pesquisei,
São saberes herméticos
Pois na roda cirandei.
Sugiro para encerrar
Um ato fenomenal:
Os doutores da política
Deviam em ato legal
Transcrever nossa Ciranda
Patrimônio imaterial.
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