Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Nasci no Sitio Cipoal, do município de Mulungu, região de Caatinga, também conhecida como Cerrado, interior da Paraíba a nordeste do Brasil. Nasci de uma família de muitos Severinos: tios, primos e conterrâneos, em 26 de fevereiro de 1963. Sou Poeta, Escritor infanto-juvenil, Cordelista Palestrante e Glosador. A minha poesia não é uma escolha. Ela é uma necessidade pessoal, emocional e social. Acredito que ninguém faz História sem uma dose pessoal de sacrificio e, por assim entender, com humildade, busco trilhar uma longa e promissora caminhada pelo mundo da Literatura Popular. Me vejo como amante e consumidor da natureza e da arte! Agente social e por isso articulador para a convergência da resolução das questões sociais. Sou pai de dois maravilhosos filhos: Francisco José e Fabiano. Sou grato a Deus por todas as pessoas que passaram pela minha vida deixando suas marcas. Sou reconhecedor dos benefícios das pessoas que permanecem comigo, apontando caminhos ou sinalizando os desvios necessários para o nosso engrandecimento; estando entre estas pessoas, os meus pais: Manoel Honorato e Maria Luzia. Ele de descendência italiana e ela, com um pé na Africa.

domingo, 20 de junho de 2010

O Cordel em Ritmo de Ciranda

O Cordel em Ritmo de Ciranda

Estamos em dias de copa do mundo, no ano de 2010, acontecendo na África do Sul, continente Africano. Muitas curiosidades têm sido reveladas por algumas rádios publicas; eu posso citar, entre outras, Nacional 1130 AM, MEC 800 AM e FM 98,9, sendo todas com prefixo do Rio de Janeiro. As tais curiosidades evidenciam a quantas andam nossas afinidades com o referido continente.
Mas meu objetivo não é falar da copa do Mundo de Futebol, e sim, não deixar cair a bola da Cultura de massa, algo do povo. Com a qual nos identificamos e somos parte. Por isso escolhi para a postagem de hoje “A Historia da Cultura Popular em Versos de Cordel – Ciranda”. A Ciranda é um dos ritmos mais brasileiros, pois também chegou no balaio dos colonizadores. Depois de desafiar a mim mesmo, na condição de Produtor Cultural, cheguei a algumas conclusões que vou disponibilizar em versos de Cordel, com os tropeços de um Cordelista aprendiz.

Esta primeira e única estrofe serve apenas como exaltação aos Cordelistas.

Cordel feito de repente
Na lei exige respeito,
Uma cultura de gente
Fala da vida com jeito,
Os seus Vates competentes
Levam a vida sem defeito.

Este texto, cuja intenção é descrever a Ciranda como item de consumo e prática em diversas regiões do Brasil e do mundo, compõe-se de 36 estrofes em sextilhas que integram o segundo volume da série “História da Cultura Popular”. Ele fala especificamente da Ciranda, como não poderia deixar de ser, e tem a intenção de ampliar o foco de luz dos futuros continuadores desta arte, reconhecendo seus precursores, que assim como eu, sobre a historia me debrucei e pude comparar, ao concluir as pesquisas, sobre as verdades, dentro das quais abalizei meu texto.

Nessa estrofe inicial, é possível comparar o que sabemos de forma aleatória, ao que podemos avaliar ao final da leitura. Falar de Luanda, foi um modo de lembrar que foi território colonizado pelos portugueses. Mas veremos em seguida, que o formato da dança da Ciranda, mais se aproxima de uma ação política social, uma vez que é circular, supondo igualdade entre as pessoas. Muita coisa do que somos, culturalmente falando, devemos ao país colonizador das terras brasileiras.



Talvez você desconheça
Onde nasceu a Ciranda
Feita de um ritmo legal,
Embora eu diga: Luanda
E sobre o legado seu;
Sem dúvida, em Portugal!

Nas duas estrofes próximas, na tentativa de desmistificar a origem do termo Ciranda, recorri as pesquisas do etimólogo Jaime Diniz, que assegura que a origem do verbete, vem do vocábulo espanhol.

Diz-nos a etimologia
Por padre Jaime Diniz,
Do vocábulo espanhol:
- Zaranda, isso ouvi,
Cujo objeto peneira
Farinha em tal país.

Mas consciente de si
Nas Arábias fui ouvir,
Palavras com mais beleza;
Como diz Caldas Aulete,
Veio do árabe Çarand,
Para a Língua Portuguesa.

A seguir, mais uma tentativa, de mostrar para você, a forma de sua utilização social ou como foi por povos oprimidos, utilizadas.

Escravos chegaram aqui
Cultivaram as raízes,
Dançar, cantar, sorrir,
Sem facetas ou deslizes
Um modo espetacular
Para que fossem felizes.

Embora sejam precisos
Seus passos podem mudar
Existem os mais conhecidos
Por quem a sabe dançar:
A onda, o sacudidinho,
O machucadinho há.

A Ciranda, algumas vezes,
É tida como política
A forma de conversar;
A metáfora coletiva
Gesto de cultura viva
Arte fim de educar.

Os diversos modos de produzir, ver e viver de uma ação cultural importada, mas apropriada na forma e no pertencimento.



A Ciranda é uma dança
De muitas mãos ajuntadas,
Com um punhado de idéias
Ou razões denunciadas
De inspiração mais rica
Do adulto a criançada.

A Ciranda é cultura
De massa de fino trato,
Dos bóias frias dos campos
Até os salões mais fartos,
Dos terreiros e bodegas
Das praias e dos regatos.

Tem a Ciranda de roda
De cunho tradicional
Usa-se Ganzá e Bombo
Um básico instrumental,
Mas a Cuíca, o Pandeiro,
E a Sanfona é normal.

O legado, a tradição e a pessoa que fez seus atos e nome ressoar, para o bem da preservação do formato e da pratica do ritmo.

Legado das tradições
Civilização pungente
Memória do meu sertão
No sincretismo presente
Uma razão construída
Brasilidade latente.

Cirandeira mais famosa
É Maria Madalena
Que não deixa o seu lugar,
O seu nome está gravado
Tornando-se conhecida
Lia, da ilha de Itamaracá.

Bem, devo encerrar esta postagem com as duas ultimas estrofes, que deixo como sugestão.

Fora floreios poéticos,
Meus versos abalizei
E conclui hipotéticos,
Em dados que pesquisei,
São saberes herméticos
Pois na roda cirandei.

Sugiro para encerrar
Um ato fenomenal:
Os doutores da política
Deviam em ato legal
Transcrever nossa Ciranda
Patrimônio imaterial.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Arte e o Jeito de Ser da Cultura Popular

A Arte e o Jeito de Ser da Cultura Popular

    Habituamos-nos a usar o termo Cultura Popular, de certa forma, erroneamente, eu diria. Como assim? Você poderia perguntar! Porque Cultura é Cultura e, assim sendo, é composta por uma serie de fatores... a menos que falemos apenas e especificamente de uma de suas muitas faces ou modalidade. Mesmo assim, não há como e nem porque fugir a regra. Talvez seja o caso desse texto, onde quero justificar três faces da Literatura de Cordel:

    Nosso Cordel é Folclore,

    Precisa ser preservado;

    Nosso Cordel é Cultura,

    Deve ser priorizado;

    Nosso Cordel é Linguagem,

    Almeja ser ensinado!

    O Cordel é Folclore a partir do que identificamos como elemento de identidade cultural de um país, de uma região ou apenas de uma comunidade menor, territorialmente falando; desde que, por suas qualidades, possamos transpor muros em direção ao alcance de momentos de regozijo para a população detentora de tal conhecimento, bem como sua capacidade em transmitir saberes, independentes dos livros ou das formalidades da escrita.

    Como exemplo da oralidade, principio do Folclore, cito dois versos (Os filhos dos homens em berço dourado/E tu, meu menino, em palhas deitado) da canção Senhora Santana, interpretada pela cantora e musicista paraibana, radicada em São Paulo, Socorro Lira, em seu CD, A Linha e o Ponto. Estes dois versos, segundo as informações contidas na capa, estão no livro “Cancioneiro do Norte” do também paraibano Rodrigues de Carvalho, em edição de 1903. Serve o texto, apenas para dizer da distancia no tempo em que se cantam as condições de vida dos povos.

    O Cordel é Linguagem quando utiliza das diversas formas de comunicar e facilitar o acúmulo do conhecimento humano sobre as razões de suas próprias capacidades. Nesse caso, pela veia literária e musical de poetas do quilate do pernambucano de Araripina, Cacá Lopes, também radicado em São Paulo, quando este produz um texto de muita qualidade e singularidade intitulado “O Cordel do Trava Língua” ou com o mesmo talento canta Caca, em que o refrão diz “O que é que Cacá quer/Cacá quer caqui/Que caqui que Cacá quer/Cacá quer qualquer caqui”. Isso mostra que a linguagem é feita também de desafios, pois os trava-línguas, nada são mais que desafios.

    Outro dia, por exemplo, em sala de aula, ministrando oficinas em escolas publicas da cidade do Rio de Janeiro, usei um trava língua de minha autoria, que fez sucesso “É claro que o cloro clareia, Clara!” depois, logo em seguida, eu trocava “É claro que o cloro clareia cara!”

    Juntos, em continuação da aula, na E. M. Vivaldo Ramos de Vasconcelos, no bairro de Paciência, construímos uma sextilha e cantamos, fazendo os gestos com as mãos que combinavam com o texto:

    O Cordel pegou a corda

    E fez o mundo girar...

    O Cordel correu o mundo

    E foi no Brasil parar!

    Gira Cordel, gira Cordel,

    Gira e vem me abraçar!

    O objetivo foi imaginar que podíamos estar fora do Brasil ou até mesmo que não seriamos brasileiros e que havíamos sidos descobertos pelo Cordel.

    Mas, na verdade, para que serve o trava língua? Exatamente para destravar a língua! Eu costumo recomendar o exercício do trava língua para crianças e adultos que fazem aulas de inglês, por exemplo.

    Ainda como linguagens, além do texto, os Cordéis, impreterivelmente trazem as Xilogravuras, produzidas por especialistas, que até algum tempo atrás, muitos deles desconheciam ser arte o oficio da produção.

    O Cordel é Cultura quando juntamos: comidas, musicas, adivinhações, trovas, ritmos, danças, tipos humanos, lendas, crenças, saberes enfim, num só tabuleiro, que não é da baiana, mas do Nordeste em especial. Foi de lá, que chegado do velho continente, grandes Vates nordestinos como Leandro Gomes de Barros e Patativa do Assaré, se apropriaram do termo e fizeram ressoar seus nomes e talentos. E, por falar em juntar tudo num só tabuleiro, bonito mesmo fez o Poeta e Cordelista cearense, Gonçalo Ferreira, ao reunir pessoas apaixonadas pela Literatura de Cordel, em esforço sobre humano e fundar em 1988, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, que para justificar o feito escreveu: "A Academia Brasileira de Literatura de Cordel é o céu da Literatura - a casa da Poesia".